sábado, 1 de outubro de 2011

Eu nunca!




Sabe aquela brincadeira do "eu nunca"? Que era a febre dos grupos sem pudores, cuja formação se dava principalmente na hora do intervalo, no pátio do colégio? Pois então, apesar de terminada minha época de escola há alguns anos, eu devo confessar que ainda brinco. Para quem não conhece, vou demonstrar: eu nunca estive com uma mulher gostosíssima!

Até aí não é muito espantosa minha declaração, visto que não frequento academia, não faço a barba diariamente com Gillete Maxxx 3 e nem dirijo, em suma, não possuo os requisitos necessários para comer alguém. Verdadeiramente curioso nessa história é o fato de que a oração "mas pretendo" não completaria minha frase. Na verdade eu tenho uma certa repulsa àquelas mulheres que entram com roupa de academia no 460, suadas, exaustas e abrem um Polenguinho Light do meu lado como se fosse um banquete.

Deixe-me explicar melhor, atração é algo que surge como resultado da troca de interações agradáveis, que podem ser de olhares a toques, passando por conversas e risos, e, portanto, não é proporcional à medida das coxas. E, sejamos realistas, no dia em que for, adeus mulheres! Apenas bonecas infláveis ou manequins subirão ao altar ou à cama.

Mas mesmo que um dia eu me sentisse atraído por uma semi-panicat, existiria uma lei da física evitando que eu abrisse a boca para falar com ela, chamada: inércia. Seria tão trabalhoso contar uma piada perspicaz sobre barras de cereal, posteriormente falar sobre Whey Protein e dissertar sobre o resto do catálogo do Mundo Verde que eu pensaria duas vezes em me aproximar e, enfim, ficaria inerte.

Ainda que, se por um capricho de Deus, exista uma gostosona que converse sobre Étienne de La Boétie, ela terá uma coisa que eu detesto: insegurança. Pois só alguém muito inseguro para dedicar-se à atividades fastidiosas como dieta e academia. Eu acho que grande parte das pessoas tem consciência disso e diluem sua insegurança numa frase que eu costumo escutar muito: "eu malho para me sentir bem comigo mesmo", mas eu pergunto: se o objetivo é, de fato, se sentir bem consigo mesmo não seria melhor largar a academia e ir meditar?

Tem certas coisas que a gente leva da escola, as experiências e sensações que compuseram três anos de ensino médio e agora se partem em uns vinte e poucos fragmentos. Um dele é o meu: eu vou continuar perdendo no "eu nunca".