sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Escrever com sono faz bem, é o vômito do bêbado: põe-se tudo para fora e depois se dorme tranquilamente.




Para ficar com mamilos tenros para esse verão, decidi entrar para a academia, não sou do tipo masoquista que sente prazer ao ver o braço quase explodir sob uma barra, mas eu gosto dos intervalos inter-exercícios. Minha natureza preguiçosa faz com que eu descanse muito entre as séries de exercícios e que eu passeie bastante entre as máquinas antes de finalmente me acomodar em alguma, sobrando bastante tempo para reflexões, em especial sobre o livro que estou lendo: Crime e Castigo, do Dostoiévski, cujo nome me enrola a língua e ao ser pronunciado o resultado é algo próximo à Doisdoiévis.

Um pensamento, na verdade uma perspectiva do Raskólnikov numa passagem ao final da primeira parte de seis me sobressaltou aos olhos. Em cuja, ele se enfurece ao saber da irmã, vulgo mercenária, às vésperas de casamento com um homem mais velho e bem-sucedido, Lujín. Mas não é com a irmã que ele se enraivece, e aí que está o contraste com o pensamento popular, mas sim com o noivo, que estaria, segundo ele, aproveitando-se de um desfavorecimento financeiro de Sonietchka, esse é o nome de sua irmã. Fiquei pensando sobre isso durante dois intervalos preguiçosos ao "leg press", que, diga-se de passagem, é mais confortável que o meu antigo sofá.

Deduzi, por fim, que o amor pode ser alienado, sempre que há envolvimento com alguém tendo em vista benefício financeiro ou social, vende-se o amor, mas não se redireciona, tornando o amor inutilizável, amputado, trancafiado, nunca podendo pertencer ao verdadeiro dono. E não raro isso acorre hoje em dia, porque amar deixou de ser uma necessidade, fazer sexo é uma necessidade, assim como sair à noite, se divertir, beber, manter os braços fortes e a vitamina com creatina, ignorando a alma faminta e o coração vazio.

Se amar deixa de ser uma necessidade, outras necessidades vêm à tona como a de se alimentar, se vestir e o casamento se transforma em contrato e o amor, em probabilidade de alta na bolsa. Não sabemos mais amar.

Qualquer um pode viver sem nunca ao menos ter dividido uma casquinha no McDonalds, brincado de cabaninha com a roupa de cama ou escrito um poema de duas estrofes, as grandes aspirações contemporâneas tem tijolos, maçãs ou cospem fumaça, são preocupações com coisas do cotidiano: moradia, eletrodomésticos, locomoção.

Assim são as coisas do cotidiano: quando há necessidade, se compra, nada mais natural, por acaso um grande comprador deveria receber um título de dignidade? A Forbes me é tão útil quanto o ranking dos meninos catarrentos da estratosfera de Plutão, que é um ex-planeta para deixar expresso o nível de insignificância. Pouco importa a diferença entre um castelo de cristal e um poleiro se está chovendo.

As coisas do espírito, em contrapartida, pode-se morrer sem nunca as ter experimentado, mas não se pode morrer tendo experimentado-as, pois elas que mantém o indivíduo vivo, tente se lembrar de quem era o homem mais rico do mundo na época de Aristóteles, Napoleão, Shakespeare ou ate Lennon e você vai entender o que eu estou dizendo, são todos homens que amaram alguma coisa, uma ideia, acima de todas as que podiam tocar e isso os mantém presentes até hoje. 

Após essa ladainha toda temo ter ficado chato, mas penso: o interesse é uma barganha, na qual vende-se tudo o que se pode ter, por tudo o que terá. Sonietchka terá uma vida confortável financeiramente, mas não ganhou isso, trocou por tudo o que uma mulher do século XIX podia esperar: um amor, trocou coisas do cotidiano por coisas do espírito, para Raskólnikov um negócio de Bangladesh (em oposição à negócio da China), mostrando já naquela época vocação especial para antecessora de Luciana Gimenez.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Caramunalha




Meu andar ébrio, à toa na rua,
Minha cabeça loira, já seminua
Não mostram diligência
E nem tampouco adolescência
Que pareceria mistura tão surreal.

Meu blusão desabotoado, manchado de café,
Meu dedão suado, como de quem anda a pé
Não mostram, eu confesso,
Nenhum sucesso,
Algo tão subjetivo que para mostrar não é preciso ter.

Meu desfecho, não tem nada de forte,
Não é uma conclusão, mas sim a morte
De um poema, que, assim como eu e você,
Só surgiu para falar alguma coisa.
Que não precisa rimar,
E não precisa ganhar,
Não precisa ser cristão,
Não precisa falar com o coração,
Basta dizer algo de mim,
Porque, no final, é o meio que justifica o fim.

sábado, 19 de novembro de 2011

Meio que um samba



Às vezes o calor do momento
Faz suar por dentro
E a gente se morde, se estranha,
A gente se risca ou se arranha.

Prefiro tomar um Engove
Depois de sair com a galera,
Você quer que eu chegue antes das nove
Para assistirmos a novela.

E a gente não gosta, se desentende,
Você é minha mulher mas não entende.
A gente faz careta e briga,
Mas às onze horas você me liga.

Prefiro driblar os amigos
Que ver você triste assim,
Você de implicância comigo
Não vai me deixar escrever fim.

Feliz Natal! Feliz Natal! Servidor estadual!



Pensei
Numa euforia tão voraz:
"Pra chegar o dia natalino,
Como é que faz?"

Lembrei
De quando era um menino,
Imaginava que presentes
Tinham árvores como destino.

E é Natal!

É Natal desde setembro,
Mas a minha cesta vai ainda demorar
Lá tem azeitona, pelo que eu lembro,
Não é gostoso, mas é de mastigar.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Constelação Karine



Hoje eu descobri que não quero mais passar um dia sequer longe de você.

As mulheres desfilam com shorts curtos
Exibindo peças de carne em vitrines de açougue.

Os homens gritam "gostosa" aos curdos
E eu me pergunto se isso já serviu a alguém
Ou é só um desabafo caloroso,
Como o que escrevo agora a ninguém.

Mas no meu caso, ao revés,
Por mim a gente via Doug e, quando as luz se apagasse,
Eu encostava a minha perna na sua, se você deixasse
Olhando seu All Star, imaginando seus pés.

Hoje eu descobri que não quero mais passar um dia sequer longe de você.

As mulheres usam salto e maquiagem,
Exibindo fantasias num baile de Carnaval.

Os homens as convidam a passearem
Num shopping chique, do tipo Fashion Mall.
Eu me pergunto se alguém já foi feliz
Ou se é só uma forma de provar "eu te amo" quando se diz.

Mas eu digo de maneira diferente,
Na varanda da madrinha, de frente para a estação,
Eu ia apontar e dizer o nome de cada constelação,
Se eu não soubesse, inventaria, Constelação Karine
                                        Assim como estrela cadente
                                            (brilhante, único e monógamo).

Estrelas cadentes são como sonhos de dormir até às três,
Encantam poque são de mentira.
Mas ninguém lembra que são de verdade oito horas por dia
E eu não me importo em ficar fora das suas outras dezesseis.

sábado, 1 de outubro de 2011

Eu nunca!




Sabe aquela brincadeira do "eu nunca"? Que era a febre dos grupos sem pudores, cuja formação se dava principalmente na hora do intervalo, no pátio do colégio? Pois então, apesar de terminada minha época de escola há alguns anos, eu devo confessar que ainda brinco. Para quem não conhece, vou demonstrar: eu nunca estive com uma mulher gostosíssima!

Até aí não é muito espantosa minha declaração, visto que não frequento academia, não faço a barba diariamente com Gillete Maxxx 3 e nem dirijo, em suma, não possuo os requisitos necessários para comer alguém. Verdadeiramente curioso nessa história é o fato de que a oração "mas pretendo" não completaria minha frase. Na verdade eu tenho uma certa repulsa àquelas mulheres que entram com roupa de academia no 460, suadas, exaustas e abrem um Polenguinho Light do meu lado como se fosse um banquete.

Deixe-me explicar melhor, atração é algo que surge como resultado da troca de interações agradáveis, que podem ser de olhares a toques, passando por conversas e risos, e, portanto, não é proporcional à medida das coxas. E, sejamos realistas, no dia em que for, adeus mulheres! Apenas bonecas infláveis ou manequins subirão ao altar ou à cama.

Mas mesmo que um dia eu me sentisse atraído por uma semi-panicat, existiria uma lei da física evitando que eu abrisse a boca para falar com ela, chamada: inércia. Seria tão trabalhoso contar uma piada perspicaz sobre barras de cereal, posteriormente falar sobre Whey Protein e dissertar sobre o resto do catálogo do Mundo Verde que eu pensaria duas vezes em me aproximar e, enfim, ficaria inerte.

Ainda que, se por um capricho de Deus, exista uma gostosona que converse sobre Étienne de La Boétie, ela terá uma coisa que eu detesto: insegurança. Pois só alguém muito inseguro para dedicar-se à atividades fastidiosas como dieta e academia. Eu acho que grande parte das pessoas tem consciência disso e diluem sua insegurança numa frase que eu costumo escutar muito: "eu malho para me sentir bem comigo mesmo", mas eu pergunto: se o objetivo é, de fato, se sentir bem consigo mesmo não seria melhor largar a academia e ir meditar?

Tem certas coisas que a gente leva da escola, as experiências e sensações que compuseram três anos de ensino médio e agora se partem em uns vinte e poucos fragmentos. Um dele é o meu: eu vou continuar perdendo no "eu nunca".

domingo, 18 de setembro de 2011

Nariz de pau





Deus abençoe os mentirosos! É o que eu tenho a dizer essa madrugada, simplesmente porque as palavras falaciosas são de fato mais divertidas do que as coesas, eis o motivo da minha preferência por poesias, elas são um passe livre para a mentira, uma vez que ao escrevermos um sentimento profundo e verdadeiro num verso ao seguinte cabe uma mentira de boa métrica para rimar. E eu adoro as histórias mentirosas, não aquelas maliciosas que causam intrigas, mas as que causam risos trancados entre os lábios.

Quem conta uma mentira para causar uma briga é o mal-intencionado preguiçoso, aquele sujeito que não quer correr, mas bota o pé para o outro tropeçar, uma maneira de matar sem lutar. O genuíno mentiroso é a quem me refiro, o homem que risca a sua dignidade a diamante para propiciar alguns momentos de alegria coletiva, é o herói dos churrascos em família, o rei das conversas de botequim.

Sempre que eu posso escutar uma mentira de qualidade eu me sinto privilegiado. É claro, é um trabalho hercúleo segurar o riso por alguns minutos, mas as horas e talvez dias de gargalhadas posteriores sempre compensam, é como investir na bolsa de risadas.

Por isso mais respeito aos nossos comediantes do dia a dia que com certeza são mais criativos que os roteiristas dos filmes do Stallone ou desses anabolizantes encarnados que acreditam fazer da porrada uma forma de arte e, apesar dessas risíveis figuras não ganharem nada em troca, sempre nos surpreendem com seu talento. Obrigado!

sábado, 10 de setembro de 2011

"Discurso! Discurso!"




Nunca gostei da ideia de progresso, não sei se a minha criação cristã; que já fora abandonada, mas ainda que se limpe a bunda resta o cheiro;  colaborou para isso com todos aqueles textos medonhos e pouco indicados para as crianças como os do Apocalipse, que anos mais tarde fui descobrir que se significa "revelações", quando para mim deveria significar "livro do Capeta" ou uma ideia que se funda a essa num caldeirão maldito.

Sou um anti-progressista, ou quem sabe um regressista. Sempre vi mais graça numa árvore do que num vídeo cassete, embora a primeira não tenha entrada para fita. Acredito que já passamos da linha que poderíamos considerar ideal de conforto e entramos num plano supérfluo e hipnotizante; como índios trocando imóveis por espelhos, somos nós trocando vida por Ipads. Uma réplica que provavelmente farão é que o espelho não conecta à internet.

Sempre que eu via Jetsons, ficava pensando na enorme chatisse que seria passados alguns anos: "caraca, no futuro não vou poder ir à praia!" ou "caso futebol não desapareça, vai ser jogado com uma bola eletrônica que não precisa ser chutada." e com todas essas maravilhas da tecnologia que nos prendem a atenção por horas tenho chegado à conclusão que não estou muito longe de ser um sr. Jetsons. O único ponto onde possivelmente eu possa ter errado nas minhas previsões era "futebol seria jogado com uma bola eletrônica", o que na verdade é uma falácia, pois ele não existe mais, foi substituído pelo Winning Eleven. Depois desse, não vejo mais crianças brincando na rua, de certa maneira esse pode ser considerado fato interessante para mim, que nunca aprendi a jogar bola.

Aliás, hoje que estou fazendo vinte anos, sinto que tantas coisas foram usurpadas de mim pelo computador e paredes de casa, que estou tendo uma crise precoce de meia idade, eu devia ter brincado mais de amarelinha, peão, pique-bandeirinha e, principalmente, salada mista. Coisas que me acrescentassem algo, que podia ser até um tampão do dedo do pé arrancado, mas que gerasse uma experiência mais profunda do que a de cutucar amigos no Facebook.

Se eu pudesse sintetizar meu pensamento em algumas linhas seria mais ou menos assim: "o nosso progresso foi além do conforto e necessidades básicas das pessoas e hoje em dia ele vive por nós. Nossos aparelhos nos dão uma sensação de interação, mas essa é tão superficial, que seria como se você fechasse os olhos e sonhasse com alguém e essa pessoa fizesse o mesmo. Não sei se vocês já tiveram um sonho sexual, mas ele não satisfaz em nada, pelo contrário deixa com mais vontade. Nossa geração vai morrer sem lembranças nem histórias, mas apenas com aspirações e desejos."

Eu tenho plena consciência de que eu deveria estar fazendo alguma coisa útil, ou pelo menos dormindo a essa hora da madrugada, mas é que hoje está difícil desconectar meu cabo Matrix. É engraçado como as redes de relacionamento são de desrelacionamento na verdade, porque, apesar de ter algumas milhões de pessoas online, falta com quem conversar, então é nessa parede de vinil que tento gravar minha voz mais uma vez.

sábado, 20 de agosto de 2011

Soneto da Imparcialidade




Em inúmeras tentativas de se meu psicólogo;
Não por não ter dinheiro,
Embora o fato seja verdadeiro,
Mas não desejo confiar a ninguém meu logos;

Pensei que talvez o fato de eu viver sempre em cima do muro,
Seja o fato que mais espanta:
Minha pele é de gente branca,
Mas minha carteira, de menino escuro.

Dessa maneira,
Minha língua fala o que meus dentes trancam,
Que talvez seja só besteira,

Palavras tontas e tantas.
E eu não sei se essa menina faladeira
Me irrita ou me encanta.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A tomada de Constantinopla




Senta o menino
Em frente a televisão
Com o controle na mão
Na "cidade de Constantino".

A tomada de Constantinopla
Foi melhor para os americanos,
Com o rap, Hollywood e marra de Marcola,
Que para os turcos otomanos.

Porque depois que todas a nações.
Passaram a reverenciar sua soberana, a tevê,
Elas tomam Coca-Cola
Como se fosse seu dever.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Deus e o Diabo na Terra.




É curioso
O preconceito que temos com Jesus
Fico furioso,
Mas ele que carregue a sua cruz.

Jesus é pobre e judeu,
Escravo da vontade de Deus.
O ápice da sua proeminência
É a cega obediência.

Deus é forte, onipotente,
Obediência não lhe compete.
É uma espécie de faça o que digo e não o que faço,
Senão seu destino é queimar lá embaixo.

Deus é rico, loiro e americano.
Jesus é preto, pobre e suburbano,
O nerd que só consegue alguma coisa no filme,
Porque entrou para o time.

Se na vida temos que nos tornar vencedores,
Se do nosso jeito somos perdedores,
Se na nossa vida o importante é ambição.
Não acabaríamos como o Diabo?

Árabe, barbudo e afegão.
Por que não amar as coisas do jeito que elas são?
Por que criar um modelo, um padrão?
Por que limitar a fé: religião?

Por quê?
Todos querem ser Deus e não Jesus, então porque chamar de cristãos?
Não seria melhor deusãos?
Ou deusinhos, quem sabe...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Je T'aime Universal - Não é uma maneira de amar que aprendemos no culto, essa só o nosso corpo explica.





Parfois quand je pense
En vous je me sens une chaleur étrange
Dans le corps, ceux qui font les pasteurs des églises
Ou treize parler en langues

Everybody is talkin' at me




Outro dia eu li em uma revista,
Ou foi num site desses feministas?
Que fomos criados para sair e conquistar,
Por isso nada muito fácil iremos valorizar.

Eu não sou do tipo que cola um provérbio na parede do quarto,
Mas também não sou cego,
O que eu enxergo, não nego.

E agora o Harry Nilsson
Canta acompanhado de uns poucos acordes na viola
Uma música que sai da minha caixa de som
E eu repito toda hora.

E quem diria que uma década depois se desperdiçariam
Centenas de notas em solos de guitarra e entrariam na modas, os violinistas,
Apenas para realizarem uma grande conquista.

Se o que vale é dificuldade,
Nos valorizar devia ser uma faculdade
Com pós-graduação em pilhéria
Preconceito, menosprezo e ignorância suas principais matérias.

O mais engraçado dessa história
É que nossa única conquista é a ignorância
E vence quem conta mais estória.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mais de 36 cores




Quando eu era criança, o que eu mais queria
Era uma caixa com 36 cores de lápis de cor
Mas os anos se passaram, vieram os romances em preto e branco
E nem todas as minhas cores os pintariam.

Loiras, ruivas e morenas
De pele ou cabelo.
Altas, magras, gordas e pequenas.
Sardas, pintas e pelos.

Românticasacefálicas, pálidas,
Briguentas, foguentas, ciumentas.
E ainda tem gente que tenta
Achar em uma a diversidade de tantas vidas.

E eu me pego pensando:
"Como pode um lápis de cor,
Faber Castell ou Hidrocor,
Ter todas as cores da caixa?"

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sonetrem




Seis e trinte e três,
Em pé espremido
Num pedaço do seu vestido,
Logo em você.

O horário é cruel
E nem se fala na cobrança
A passagem não cabe na sacola do velho Noel
Mas ainda guardo uma boa lembrança.

Lembrança de quando dividíamos tão bem o m²,
Que fizemos Newton,
Com todas as suas teorias e maçãs, ser ridicularizado.

Mesmo sem nenhum som,
Era uma dança que me deixava animado,
Aquela chacoalhada da multidão.

Soneti





Dessa vez escrevo a ti
Intangível intingível no meu pensamento
Para que em algum momento
Eu tenha sorti.

É difícil dormir de madrugada
E se sentir forti
Quando não se pensa em nada
Além de ti.

Outro dia, que não de madrugada, sonhei contigo
E se o sonho é como um aperitivo da morti,
Talvez eu e ela possamos ser amigos.

Às vezes eu não meço o que digo,
Mas é que eu vivo a procura de um abrigo
Que está em ti.

Palavras cruzadas 2







Falei com ela hoje
Através de uma janela,
Com letrinhas apenas
E sem o sorriso dela.
Bonita a foto que ela postou
Outro dia só me restou
Outro dia vendo minhas fotos com ela.
Kansei de falar com os dedos.

Sonete




Eu quis te escrever
Algo bonito e com pudor
Para você ler
Como uma história de amor.

Eu queria
Mas acho que você não se importa
Com essas palavras que entortam
Poesias.

Palavras que se gritam em galerias
Estão fora de moda,
Diferentemente das pintadas em latarias.

Latarias de carro, capotas
dos sedãs, hatchs ou Dakotas,
Desde que sejam do ano, suas carrocerias.

Soneta




Na janela
Do meu computador
Eu vejo sem pudor
Seu corpo na tela.

No banheiro
Há um jantar de velas
E no chuveiro,
Eu aliso suas penas.

Palma e pinto,
Eis a combinação
Para ludibriar meu instinto.

Tamanha ludibriação
Que eu sinto
Algo mais que imaginação.

sábado, 11 de junho de 2011

Palavras cruzadas




Com todos os tons de cores acinzentadas
Agora eu vi que essa casa de
Paredes e e janelas acidentadas
Impede que eu,
Tonto de idéias e tentativas frustradas,
Almeje o que é meu por obrigação,
Lide com naturalidade à imposição.
Impressiona minha casa ser uma metáfora para
Sabaneta sem portão,
Mas muito apenas se sente, a
Outra parte é a que mente.
|
|
----> Grades da impossibilidade.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Fotografia




Era você,
Era eu,
Era só te ver ali que
Éramos.

Todavia, naquele infinito na parede,
Apesar de tudo, ainda brincamos,
Rimos e balançamos na rede.
Sem nos importar em saber quando vamos.

Vamos?
Você vai partir
Eu vou me tornar velho e chato
E esquecer de rir.

Mas antes disso eu só quero ter uma certeza,
Há uma coisa que fura minha cabeça
E fere minha existência
Mas que raramente eu tenho paciência
Em pensar
Será que a morte é o propósito de nossa existência
ou ainda temos passos a dar?
Será que algum gênio da ciência
Pode me alertar se um dia vou te reencontrar?

Até lá eu só tenho uma certeza,
Que em algum lugar desse universo, dentro de uma moldura,
Talvez eu seja um pouco cabeça-dura,
Mas em certas horas não se pode pensar com frieza,
Duas crianças vivem como podem
E como poderiam além de com pureza?
E essas crianças sou eu e é você
Somos nós, como costumávamos ser.
E vamos brincar e nos abraçar até que eu me esqueça...

...Que antes de partir eu podia te dizer
Eu te amo!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Viagem Astral Teórico-Experimental




Acordei,
Me vi deitado,
De barriga pra cima,
Relaxado.

Sem fome,
Sem nome,
Sem sono
E nem dono.

Voei,
Vi tudo do alto,
As telhas e o
Asfato.

Sem gravidade,
Sem futilidade,
Sem passaporte
E nem deporte.
Talvez seja assim depois da morte.

"Acordei",
Me vi no espelho,
De cabelo pra cima,
Desajeitado.

Com obrigação,
Com religião,
Com trabalho
E horário.

Aterrissei,
Vi tudo no alto,
Os aviões e o
Jato.

Com medo,
Com enredo,
Com localização
E com ambição.
Talvez seja de ter um carrão.

Cuide do que é seu!




Já rezava a lenda: "quem não dá assistência perde para o concorrência"
Ou alguma outra frase amorosa que faça uma alusão ao supermercado,
Mas para julgar os escritos das páginas da minha vida com consciência
Vou abrir nesse capítulo que já está muito bem marcado.
Capítulo no qual eu conheci uma pessoa,
No começo nossa convivência era até muito boa,
No final eu estava, para ser bem cortês, saturado.

Ela chegou de mansinho e o vestiu com roupas de vaga-lume,
Ele ficou hipnotizado pelo seu vestido tingido a carmim.
Eu, que nunca liguei muito pra ele, tive um surto psicossomático de ciúmes
Porque senti que ele estava se afastando de mim
Já não compartilhávamos o interesse pela astronomia,
Por Woody Allen, por exposições ou por filosofia.
Raramente conseguia levá-lo ao saudoso botequim.

Talvez tenha sido tudo culpa desse meu jeito ciumento,
De não poder dividir quem eu amo,
Culminando em brigas e até alguns xingamentos violentos,
Birras, gritos e nomes profanos.
Tudo isso porque eu não suportava a influência dela nele.
Tudo isso porque eu sou ele.
Tudo isso porque eu me amo!

sábado, 7 de maio de 2011

Pouco do muito também é muito pouco.




A discreta alegoria do desfile dos produtos da escola de samba Unidos do Prezunic
Ou qualquer coisa que abrace em sua semântica produtos que passeiam de carrinho
Na sala-de-estar do capitalismo, pseudo mundo da igualdade, fraternidade e fartura,
Do açúcar, do tempero, do leite, do feijão, do azeite, do agrião, do cominho,
do arroz, do tomate, da banana, do abacate, da picanha e de alguma carne dura
Fazem o caixa esquecer
O que tem em casa
Naquele momento
Para comer.
Não há fartura,
Só fatura.

http://www.zap.com.br/imoveis/lua/terreno/venda/?tipobusca=rapida




Comprei um terreno na Lua,

Uns tantos hectares
De frente para o mar
E à direita de Antares,
Vou dar cambalhotas no ar.

Para dar giros nos aires
Parto ansioso na primeira noite de luar.
Esperarei para ouvir "como estares?"
Quando minha mãe ligar.

Mas espera um momento,
Não poderei dar nenhum telefonema
Para meu sofrimento,
Mas não tem problema:

Só assim não tenho aquele sentimento
De angústia ao tocar do telefone.

Não poderei entrar no Facebook
Para ver nas fotos da festa da Iracema
A galera e seu look,
Mas não tem problema:

Só assim não vejo de encarte
Das pessoas que poderiam morar em Marte.

Não poderei ler o jornal,
Estarei tão desatualizado que usarei trema,
Alguns me chamarão boçal,
Mas não tem problema:

Só assim não me torno ciente de assaltos,
Roubos, algumas mentiras, brigas e assassinatos.

Vou me mudar para a Lua
E serei feliz.
Afinal, não tem problema viver no mundo da Lua,
Quando se sabe o que diz.