sábado, 7 de maio de 2011
Pouco do muito também é muito pouco.
A discreta alegoria do desfile dos produtos da escola de samba Unidos do Prezunic
Ou qualquer coisa que abrace em sua semântica produtos que passeiam de carrinho
Na sala-de-estar do capitalismo, pseudo mundo da igualdade, fraternidade e fartura,
Do açúcar, do tempero, do leite, do feijão, do azeite, do agrião, do cominho,
do arroz, do tomate, da banana, do abacate, da picanha e de alguma carne dura
Fazem o caixa esquecer
O que tem em casa
Naquele momento
Para comer.
Não há fartura,
Só fatura.
http://www.zap.com.br/imoveis/lua/terreno/venda/?tipobusca=rapida
Comprei um terreno na Lua,
Uns tantos hectares
De frente para o mar
E à direita de Antares,
Vou dar cambalhotas no ar.
Para dar giros nos aires
Parto ansioso na primeira noite de luar.
Esperarei para ouvir "como estares?"
Quando minha mãe ligar.
Mas espera um momento,
Não poderei dar nenhum telefonema
Para meu sofrimento,
Mas não tem problema:
Só assim não tenho aquele sentimento
De angústia ao tocar do telefone.
Não poderei entrar no Facebook
Para ver nas fotos da festa da Iracema
A galera e seu look,
Mas não tem problema:
Só assim não vejo de encarte
Das pessoas que poderiam morar em Marte.
Não poderei ler o jornal,
Estarei tão desatualizado que usarei trema,
Alguns me chamarão boçal,
Mas não tem problema:
Só assim não me torno ciente de assaltos,
Roubos, algumas mentiras, brigas e assassinatos.
Vou me mudar para a Lua
E serei feliz.
Afinal, não tem problema viver no mundo da Lua,
Quando se sabe o que diz.
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