Clamam todos os discos, amantes e filmes
Mas a manhã é mãe imperiosa
Como todos aqueles que a ilumine.
Se por minha natureza,
Aviltre de toda beleza,
O Universo me fez de sonhar às três
(É pecado falar em Deus hoje em dia)
Por que ei de acordar às seis?
Mas a mãe é manhã imperiosa,
Pontual, infalível e barulhenta como um rádio:
Me lasca infame à Leocádio.
E dá-lhe oito horas,
Meus olhos batendo epilépticos,
Peixes ardilosos fora d'água.
À dez eu faço uma reza,
Malévolo triturador torturando subversivo,
Mas não nego, não confesso, nunca vou me curar,
Porque no sonho guardo o teu calor,
E tudo o que lhe é alusivo.
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